Por GISELE ESTEVES PRADO - 01/08/2012
Trabalho apresentado na disciplina de Ecotoxicologia na Universidade Santa Cecília no Mestrado em Ecologia
Disruptores endócrinos são agentes e substâncias químicas que promovem alterações no sistema endócrino humano e nos hormônios. No Brasil se usam várias terminologias, como desreguladores endócrinos, disruptores endócrinos e interferentes endócrinos (WAISSMANN, 2002, apud FREITAS GUIMARÃES).
Segundo Santamarta, apud Freitas Guimarães, os disruptores endócrinos agem por mecanismos fisiológicos pelos quais substituem os hormônios do nosso corpo, ou bloqueiam a sua ação natural, ou ainda, aumentando ou diminuindo a quantidade original de hormônios, alteram as funções endócrinas.
A escolha deste artigo deu-se pela curiosidade despertada em aulas de ecotoxicologia que trataram sobre as contaminações por pesticidas organoclorados, o caso Minamata, o livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson, entre outros assuntos.
Desde aquela primeira aula, o assunto chamou minha atenção e provocou vários questionamentos. Até que tive a oportunidade de ler este artigo em estudo.
Os disruptores estão presentes em nosso dia a dia, tomamos contato com eles constantemente e sequer temos ciência disto. Claro que não tenho a profundidade de um biólogo, médico ou cientista para analisar os prejuízos que de fato causam os elementos contaminados, mas posso entender, por meio da leitura deste artigo e de outros materiais aos quais recorri, que eles são responsáveis por inúmeras doenças que podem levar até mesmo à morte de acordo com a exposição a eles (vide, no Anexo A, tabela com disruptores, onde eles podem ser encontrados e os efeitos que podem causar nos seres humanos).
Meu pai trabalhou a vida toda na indústria de mecânica pesada em contato com mercúrio, chumbo, benzeno, cádmio, estireno, manganês, soldagem, entre outros. Ainda enquanto trabalhava adquiriu pancreatite, entupimento do canal do duodeno, ambos seguidos de diabetes e, mais tarde um pouco, já aposentado, câncer de próstata, seguido de seu falecimento em 2011, com metástase óssea por todo o corpo, já praticamente cego e sem possibilidade de cirurgia por estar com a retina muito queimada por soldas.
Liga-se o câncer de pulmão diretamente ao tabagismo, mas não se fala em todos os distúrbios e doenças que podem ser (e são) causadas pelos disruptores endócrinos.
Segundo a nutricionista Débora Masquio, alguns exemplos de disruptores endócrinos que temos contato com grande frequência no dia a dia são o bisfenóis e ftalatos, que estão presentes nos copos e garrafas plásticas, tupperwares, mamadeiras, chupetas, entre outros. Acredita-se que essas substâncias possam estimular receptores denominados PPARϓ presentes no tecido adiposo, aumentando a taxa de lipogênese, ou seja, o acúmulo de gordura, bem como potencializando o processo de diferenciação do tecido adiposo, isto é, aumentando as células de gordura.
O fato é que se esses elementos estão efetivamente e comprovadamente presentes no cotidiano das pessoas, é sim um problema de saúde pública e nada se ouve falar sobre o assunto. De acordo com Mônica Pinto, do site Ambiente Brasil, a razão para tal negligência – que se poderia classificar de criminosa – provavelmente reside, mais uma vez, em aspectos econômicos. As substâncias que atuam como disruptores endócrinos estão presentes na fabricação de dezenas de produtos, de filtros solares a detergentes, passando por mamadeiras, chupetas e embalagens de água mineral.
De acordo com o artigo de Freitas Guimarães, diferentemente de disruptores naturais, que são excretados e não se acumulam no nosso corpo, os disruptores de produtos químicos acabam por se acumular no tecido gorduroso, não são eliminados e passam a agir como se fossem os hormônios, alterando o funcionamento do corpo humano (COLBORN, apud FREITAS GUIMARÃES). Alguns desses disruptores ultrapassam a placenta causando danos terríveis, como foi o caso da Talidomida e do DES (dietilestilbestrol).
Conforme Freitas Guimarães aborda em seu artigo, o dietilestilbestrol foi largamente utilizado por mulheres grávidas entre os anos 50 e 70 no intuito de diminuir o risco de aborto. Tal utilização apresentou resultados desastrosos como o câncer de vagina e infertilidade nas filhas nascidas de mães que o usaram, além de deformações irreversíveis no útero das mesmas.
De acordo com artigo publicado na Revista da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) em novembro de 2009, estudos demonstraram que ratos expostos a um estrógeno sintético, o dietilestilbestrol (DES), no período neonatal apresentaram aumento do peso corporal com excesso de gordura abdominal na idade adulta, além de elevações nos níveis de adiponectina, IL-6 e triglicerídeos nos camundongos expostos.
Ora, se os elementos contaminantes ultrapassam a barreira placentária, chegam ao feto, acumulam-se no leite materno, infectando, assim, o bebê que está para nascer, imaginei que a obesidade poderia, desta forma, estar ligada também a esses disruptores. Inclusive cheguei até a comentar em sala com o professor Camilo Seabra. Este questionamento levou-me a mais pesquisas e deparei-me com alguns artigos sobre disruptores e obesidade.
Segundo o artigo de Freitas Guimarães, os disruptores endócrinos afetam o metabolismo do corpo, o que me leva de volta ao questionamento da crescente obesidade no Brasil e no mundo.
A Revista da ABESO aborda que dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) de 2008 demonstraram que 1,6 bilhões de pessoas apresentavam excesso de peso e 400 milhões eram obesas. A previsão é que, em 2015, esses valores cheguem a 3,3 bilhões e 700 milhões, respectivamente. Nos EUA os números já atingiram proporções epidêmicas, com 20% de obesos e 30% com sobrepeso. Dados de 1999 demonstravam que 13% das crianças entre 6-11 anos e 14% dos adolescentes entre 12-19 anos apresentavam sobrepeso. Nas duas últimas décadas a prevalência entre os adolescentes triplicou.
Um estudo realizado pela Universidade São Marcos e Unifesp, em 2003, apontou que 33,71%, de um total de 10.821 crianças de 7 a 10 anos, avaliadas em 78 escolas públicas e particulares de Santos, estavam com seu peso acima do normal. A maior pesquisa já feita no País nessa faixa etária apontou um total de 17,97% das crianças com obesidade (o normal seria 5%) e 15,74% com sobrepeso. Estudo paralelo de hipertensão também apontou dados alarmantes. Os dados revelam que Santos segue uma tendência mundial à obesidade já a partir da infância e esses dados são cinco vezes maiores dos obtidos em pesquisas feitas em anos anteriores no País. Em 1996, por exemplo, pesquisa na região Sudeste e Nordeste apontou uma amostra de 6% a 7% de obesidade em crianças de 7 a 10 anos. Em Santos, são quase 18%. Os números estão quase se equiparando aos padrões americanos, que é o povo com maior prevalência em obesidade, e já superou os índices europeus. Nas escolas particulares o índice de sobrepeso entre as crianças de 7 a 10 anos chega a alarmantes 45%. (Diário Oficial de Santos, 2003).
Freitas Guimarães aponta, em seu artigo, que na região metropolitana da Baixada Santista o problema de contaminação toma proporções assustadoras por ser uma região em que existem muitas indústrias e a população está exposta a vários elementos químicos disruptores. Em Cubatão, por exemplo, detectou-se a presença de pesticidas organoclorados no sangue de habitantes da região onde ficava um antigo lixão.
Também nos rios e no próprio estuário foram detectados disruptores endócrinos, como afirma estudo da CETESB. Entre os resíduos foram encontrados Endosulfan, HCB, HCH, chumbo, cádmio, manganês, mercúrio, benzopireno, benzoantraceno, PCBs, dioxinas e furanos (FREITAS GUIMARÃES, 2005).
Tal exposição do autor leva-me a uma correlação entre os disruptores endócrinos estarem em alta quantidade na Baixada Santista e o caso da obesidade acima do normal na região. Até que ponto esta obesidade nas crianças (que agora, quase 10 anos depois da pesquisa, já estão adolescentes) não está também ligada à presença dos disruptores em excesso?
A Revista da ABESO aborda ainda que, no Brasil, os maiores índices de obesidade estão localizados nas regiões mais industrializadas do País, portanto onde ocorre maior exposição da população a Disruptores Endócrinos, como é o caso de Cubatão, por exemplo.
Fica uma questão que pode ser alavancada a partir do estudo feito pelo artigo de Freitas Guimarães e de outros pesquisadores preocupados com a utilização indiscriminada dos disruptores endócrinos no dia a dia das pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fato é que os seres humanos estão expostos aos disruptores endócrinos desde sua concepção e são afetados por eles desde sua estada no ventre da mãe.
Este estudo não tem a intenção de criar pânico geral, nem alarmar a população fazendo com que deixem de usar isto ou aquilo porque serão contaminados pelos disruptores.
Fosse assim todos teriam que viver dentro de uma bolha, que não fosse de plástico, preferencialmente, e nada mais faria sentido.
O artigo analisado não pretende gerar polêmica, mas a incitar a preocupação dos órgãos públicos com relação aos contaminantes. Uma política mais justa e adequada ambientalmente.
Por anos a fio a região de Cubatão foi castigada com toda a sorte de contaminantes, poluição, crianças sem cérebro, etc. Hoje a cidade começa a reerguer-se. Há a dragagem ambiental, a preocupação com as aves, mangues, mas ainda não há relatos do que é feito com a contaminação por disruptores endócrinos. Estes talvez continuem silenciosos infectando a tudo e todos que vivem nos entornos industriais.
ANEXO A
Verifique, na tabela a seguir, elaborada por Freitas Guimarães, os disruptores endócrinos, onde eles podem ser encontrados e seus efeitos nos seres humanos.
Tabela 1 – Disruptores Endócrinos, ocorrência e danos causados
Fonte: Adaptada do Artigo “Disruptores endócrinos: um problema de saúde pública e ocupacional”, de João Roberto Penna de Freitas Guimarães
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIÁRIO OFICIAL DE SANTOS. Estudo revela alto índice de obesidade infantil em Santos. Disponível em: <https://www.egov1.santos.sp.gov.br/do/0104/2003/do11062003.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2012.
GUIMARÃES, João Roberto Penna De Freitas. Disruptores endócrinos no meio ambiente: um problema de saúde pública e ocupacional. Santos, 2009
MASQUIO, Deborah C. L. Substâncias encontradas nos pesticidas, plásticos e industrializados podem engordar muito. Disponível em: <http://kilorias.virgula.uol.com.br/2012/05/substancias-encontradas-nos-pesticidas-plasticos-e-industrializados-podem-engordar-muito/>. Acesso em: 29 ago. 2012.
MELDAU, Débora Carvalho. Disruptores Endócrinos. Disponível em: <http://www.infoescola.com/saude/disruptores-endocrinos/>. Acesso em: 28 ago. 2012.
MONTENEGRO JúNIOR, Renan Magalhães; FERNANDES, Virgínia Oliveira. A Obesidade e os Disruptores Endócrinos. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/pagina/263/artigo---obesidade-e-disruptores-endocrinos.shtml>. Acesso em: 28 ago. 2012.
PINTO, Mônica. Disruptores endócrinos ambientais: o que são e porque se transformaram em um problema de saúde pública. Disponível em: <http://noticias.ambientebrasil.com.br/?p=35842>. Acesso em: 28 ago. 2012.
Liga-se o câncer de pulmão diretamente ao tabagismo, mas não se fala em todos os distúrbios e doenças que podem ser (e são) causadas pelos disruptores endócrinos.
Segundo a nutricionista Débora Masquio, alguns exemplos de disruptores endócrinos que temos contato com grande frequência no dia a dia são o bisfenóis e ftalatos, que estão presentes nos copos e garrafas plásticas, tupperwares, mamadeiras, chupetas, entre outros. Acredita-se que essas substâncias possam estimular receptores denominados PPARϓ presentes no tecido adiposo, aumentando a taxa de lipogênese, ou seja, o acúmulo de gordura, bem como potencializando o processo de diferenciação do tecido adiposo, isto é, aumentando as células de gordura.
O fato é que se esses elementos estão efetivamente e comprovadamente presentes no cotidiano das pessoas, é sim um problema de saúde pública e nada se ouve falar sobre o assunto. De acordo com Mônica Pinto, do site Ambiente Brasil, a razão para tal negligência – que se poderia classificar de criminosa – provavelmente reside, mais uma vez, em aspectos econômicos. As substâncias que atuam como disruptores endócrinos estão presentes na fabricação de dezenas de produtos, de filtros solares a detergentes, passando por mamadeiras, chupetas e embalagens de água mineral.
Conforme Freitas Guimarães aborda em seu artigo, o dietilestilbestrol foi largamente utilizado por mulheres grávidas entre os anos 50 e 70 no intuito de diminuir o risco de aborto. Tal utilização apresentou resultados desastrosos como o câncer de vagina e infertilidade nas filhas nascidas de mães que o usaram, além de deformações irreversíveis no útero das mesmas.
De acordo com artigo publicado na Revista da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) em novembro de 2009, estudos demonstraram que ratos expostos a um estrógeno sintético, o dietilestilbestrol (DES), no período neonatal apresentaram aumento do peso corporal com excesso de gordura abdominal na idade adulta, além de elevações nos níveis de adiponectina, IL-6 e triglicerídeos nos camundongos expostos.
Ora, se os elementos contaminantes ultrapassam a barreira placentária, chegam ao feto, acumulam-se no leite materno, infectando, assim, o bebê que está para nascer, imaginei que a obesidade poderia, desta forma, estar ligada também a esses disruptores. Inclusive cheguei até a comentar em sala com o professor Camilo Seabra. Este questionamento levou-me a mais pesquisas e deparei-me com alguns artigos sobre disruptores e obesidade.
A Revista da ABESO aborda que dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) de 2008 demonstraram que 1,6 bilhões de pessoas apresentavam excesso de peso e 400 milhões eram obesas. A previsão é que, em 2015, esses valores cheguem a 3,3 bilhões e 700 milhões, respectivamente. Nos EUA os números já atingiram proporções epidêmicas, com 20% de obesos e 30% com sobrepeso. Dados de 1999 demonstravam que 13% das crianças entre 6-11 anos e 14% dos adolescentes entre 12-19 anos apresentavam sobrepeso. Nas duas últimas décadas a prevalência entre os adolescentes triplicou.
Freitas Guimarães aponta, em seu artigo, que na região metropolitana da Baixada Santista o problema de contaminação toma proporções assustadoras por ser uma região em que existem muitas indústrias e a população está exposta a vários elementos químicos disruptores. Em Cubatão, por exemplo, detectou-se a presença de pesticidas organoclorados no sangue de habitantes da região onde ficava um antigo lixão.
Tal exposição do autor leva-me a uma correlação entre os disruptores endócrinos estarem em alta quantidade na Baixada Santista e o caso da obesidade acima do normal na região. Até que ponto esta obesidade nas crianças (que agora, quase 10 anos depois da pesquisa, já estão adolescentes) não está também ligada à presença dos disruptores em excesso?
A Revista da ABESO aborda ainda que, no Brasil, os maiores índices de obesidade estão localizados nas regiões mais industrializadas do País, portanto onde ocorre maior exposição da população a Disruptores Endócrinos, como é o caso de Cubatão, por exemplo.
Fica uma questão que pode ser alavancada a partir do estudo feito pelo artigo de Freitas Guimarães e de outros pesquisadores preocupados com a utilização indiscriminada dos disruptores endócrinos no dia a dia das pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fato é que os seres humanos estão expostos aos disruptores endócrinos desde sua concepção e são afetados por eles desde sua estada no ventre da mãe.
Este estudo não tem a intenção de criar pânico geral, nem alarmar a população fazendo com que deixem de usar isto ou aquilo porque serão contaminados pelos disruptores.
Fosse assim todos teriam que viver dentro de uma bolha, que não fosse de plástico, preferencialmente, e nada mais faria sentido.
O artigo analisado não pretende gerar polêmica, mas a incitar a preocupação dos órgãos públicos com relação aos contaminantes. Uma política mais justa e adequada ambientalmente.
Por anos a fio a região de Cubatão foi castigada com toda a sorte de contaminantes, poluição, crianças sem cérebro, etc. Hoje a cidade começa a reerguer-se. Há a dragagem ambiental, a preocupação com as aves, mangues, mas ainda não há relatos do que é feito com a contaminação por disruptores endócrinos. Estes talvez continuem silenciosos infectando a tudo e todos que vivem nos entornos industriais.
ANEXO A
Verifique, na tabela a seguir, elaborada por Freitas Guimarães, os disruptores endócrinos, onde eles podem ser encontrados e seus efeitos nos seres humanos.
Tabela 1 – Disruptores Endócrinos, ocorrência e danos causados
Disruptores endócrinos
|
Uso e/ou ocorrência
|
Efeitos em humanos
|
|
2,4-D; 2,4,5-T; Alacloro;
Atrazina
|
Herbicidas
|
Redução na qualidade do esperma
(SWAN, 2003)
|
|
Ascarel (PCB)
|
Óleo isolante dielétrico; papel
copiativo não-carbono, adesivos, lubrificante para lâminas de corte, tintas,
revestimento interno de silos para estocagem de grãos e leite nos anos 80
|
Declínio da função do sistema
imunológico e aumento de doenças infecciosas (PENTEADO;VAZ, 2001); acumula-se
no leite materno (WHO, 2001);
Endometriose (SANTAMARTA,
2001);
Atravessa a barreira
placentária e chega ao feto;
crianças nascidas de mães com
PCB no sangue têm peso reduzido e QI inferior (BAIRD, 2002);
Acumula-se nos tecidos do feto
(NOGUEIRA et al, 1987);
Filhos de mães que ingeriram
óleo contaminado com PCB tiveram o tamanho do pênis reduzido quando na
puberdade (COLBORN et al, 2002)
|
|
Benzo(a)antraceno;
Benzo(a)pireno
|
Alcatrão; Asfalto; Coquerias;
Emissões de diesel; Fundição de alumínio; graxas e óleos minerais
|
Danos aos oócitos; alteram a
ação de linfócitos; são mutagênicos (PATNAIK, 2002)
|
|
Bisfenol A
|
Resinas epóxi; revestimento
interno de latas para alimentos diversos
|
Substitui a recepção do
estrogênio. Diminui a ovulação; aumento de secreção da prolactina (WOZNIAK et
al, 2005)
|
|
BTX (Benzeno, tolueno e
xilenos)
|
Tintas, solventes, gasolina,
thinner, removedores
|
Anomalias menstruais, como
aumento do sangramento e dos intervalos do ciclo (MENDES, 1997);
Na corrente sagüínea, fixam-se
nos glóbulos vermelhos (AZEVEDO & CHASIN, 2003)
|
|
Cádmio
|
Ligas metálicas; solda;
pigmentos; estabilizante de plásticos; baterias; cinzas de incineradores;
chapas galvanizadas
|
Câncer de próstata (CARDOSO
& CHASIN, 2001);
Concentra-se no pâncreas,
testículos, tireóide e glândulas salivares (DELLA ROSA & GOMES, 1988);
Acumula-se no leite materno
(WHO, 2001);
Atrofia testicular; redução no
volume do esperma, tumores
em testículos (PATNAIK, 2002)
|
|
Chumbo
|
Baterias; pigmentos; soldagem;
ligas; tintas; primmers; gasolina de aviação
|
Redução na qualidade e
quantidade de esperma (MOREIRA & MOREIRA, 2004);
Hipotireoidismo decorrente de
alterações funcionais da hipófise (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001);
Acumula-se no leite materno
(WHO, 2001);
Atrofia testicular; reduz a
quantidade
do esperma (PATNAIK, 2002);
Abortamento espontâneo (MENDES,
1997);
Acumula-se na tireóide,
adrenais, pituitária,
testículos e ovários (TEVES,
2001);
Passa pela placenta entre a 12ª
e 14ª semanas, atinge o cérebro do feto; aumento significativo na taxa de
abortamentos, natimortalidade,
prematuridade,
diminuição no crescimento
pós-natal e aumento
na taxa de malformações (PERES
et al, 2001)
|
|
Compostos pirimidínicos
(Metirimol, Etirimol e Ciprodinil)
|
Fungicidas aplicados em frutas
e cereais
|
Inibem a produção de hormônios
esteróides
(COLBORN et al, 2002)
|
|
Dibenzo-p-dioxinas
policloradas e Dibenzofuranos policlorados
|
Incineração de resíduos urbanos
e de resíduos perigosos; produção e queima de pesticidas, como
pentaclorofenol, agente laranja, benzenos clorados; aciarias; queima de
carvão; fundição de alumínio; produção de PVC; emissões de diesel
|
Acumulam-se no leite materno
(WHO, 2001);
Alteração nas glândulas
cebáceas (como cloroacne), suprime as funções imunológicas (PATNAIK, 2002);
Redução do no de
espermatozóides (COLBORN et al, 2002);
Neoplasia de tireóide (DAMSTRA
et al, 2002);
Disfunção neurofisiológica
bilateral nos lobos frontais do cérebro; acumula-se na tireóide (SANTOS,
2004)
|
|
DBPC (Dibromocloropropano)
|
Nematicida
|
Diminuição da motilidade e da
produção de espermatozóides (BOWLER & CONE, 2001)
|
|
Dissulfeto de Carbono
|
Fabricação de celofane e de
rayon; solvente para ceras, óleos, lacas e resinas; vulcanização a frio de
borrachas; componente de certos tipos de inseticidas, parasiticidas e
herbicidas
|
Disruptor no balanço hormonal
entre o cérebro, glândula pituitária e ovários, levando a distúrbios
menstruais (BATSTONE, 2001)
|
|
Estireno
|
Fabricação de plásticos (ex.:
copinhos descartáveis) e borrachas diversas
|
Teratogênico (LARINI, 1997)
Abortamento espontâneo; filhos
de mulheres expostas ao estireno têm peso inferior (MENDES, 1997)
|
|
Fenilfenóis
|
Desinfetantes
|
||
Ftalatos
|
Plastificantes do Cloreto de
Polivinila e do Acetato de Celulose; vernizes; inseticidas; cosméticos
|
Redução na qualidade do
esperma; teratogênico; causam demasculinização e feminilização (MCGINN, 2004)
|
|
HCB (Hexaclorobenzeno)
|
Contaminante em processos de
produção de organoclorados
|
Acumula-se no leite materno
(WHO, 2001);
Hipotireoidismo (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2001);
Supressão imunológica (PATNAIK,
2002);
Esteatose, hepatomegalia
(PATNAIK, 2002)
|
|
Manganês
|
Produção de ferro e aço;
eletrôdos para solda; tintas; fertilizantes
|
Causa danos ao DNA dos
linfócitos;
Mal de Parkinson (MARTINS &
LIMA, 2001);
Impotência (BOWLER & CONE,
2001);
Concentra-se na tireóide, pituitária,
suprarenais e pâncreas (TEVES, 2001)
|
|
Mercúrio
|
Indústria de cloro-soda;
aparelhos de medição; garimpos; agrotóxicos; tintas
|
Ciclo menstrual irregular,
menos ovulações, teratogênico (CARDOSO, 2002);
Acumula-se no leite materno
(WHO, 2001);
Acumula-se no pâncreas,
testículos
e próstata (TEVES, 2001);
Atravessa a barreira
placentária e hematoencefálica, na forma de metilmercúrio (AZEVEDO &
CHASIN, 2003);
Aborto espontâneo, natimortos,
Síndrome de Paralisia
Cerebral, danos ao cerebelo em
filhos de mães que consumiram peixes com metilmercúrio (AZEVEDO, 2003)
|
|
Óxido de Etileno
|
Esterilização de equipamentos
cirúrgicos
|
Aborto espontâneo em
profissionais que esterilizam instrumentos (XELEGATI & ROBAZZI, 2003)
|
|
Pentaclorofenol
|
Conservante de madeiras,
fungicida,
bactericida; tintas
|
Glândulas sudoríparas,
cloroacne, porfiria cutânea tardia, pápulas, pústulas (VIEIRA et al, 1981);
Concentra-se nas adrenais;
hepatomegalia; aumento de atividade da aril-hidrocarboneto hidroxilase (AHH),
resultando em mutagenicidade e carcinogenicidade irreversíveis (LARINI,
1999);
Anemia aplástica, citopenia,
agranulocitose, cloroacne, disruptor endócrino (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001)
|
|
Soldagem
|
Oficinas, indústrias diversas,
montagem industrial, caldeiraria, funilaria
|
Espermatozóides com formato
anormal (BATSTONE, 2001)
|
|
Triclorfon
|
Medicamento anti-helmíntico
|
Diminuição de espermatozóides e
de fluido seminal, espermatozóides com formato anormal
(SPRITZER et al, 2001)
|
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIÁRIO OFICIAL DE SANTOS. Estudo revela alto índice de obesidade infantil em Santos. Disponível em: <https://www.egov1.santos.sp.gov.br/do/0104/2003/do11062003.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2012.
GUIMARÃES, João Roberto Penna De Freitas. Disruptores endócrinos no meio ambiente: um problema de saúde pública e ocupacional. Santos, 2009
MASQUIO, Deborah C. L. Substâncias encontradas nos pesticidas, plásticos e industrializados podem engordar muito. Disponível em: <http://kilorias.virgula.uol.com.br/2012/05/substancias-encontradas-nos-pesticidas-plasticos-e-industrializados-podem-engordar-muito/>. Acesso em: 29 ago. 2012.
MELDAU, Débora Carvalho. Disruptores Endócrinos. Disponível em: <http://www.infoescola.com/saude/disruptores-endocrinos/>. Acesso em: 28 ago. 2012.
MONTENEGRO JúNIOR, Renan Magalhães; FERNANDES, Virgínia Oliveira. A Obesidade e os Disruptores Endócrinos. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/pagina/263/artigo---obesidade-e-disruptores-endocrinos.shtml>. Acesso em: 28 ago. 2012.
PINTO, Mônica. Disruptores endócrinos ambientais: o que são e porque se transformaram em um problema de saúde pública. Disponível em: <http://noticias.ambientebrasil.com.br/?p=35842>. Acesso em: 28 ago. 2012.
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