Absolutamente Quem?
Gi Prado - "Eu por mim mesma...
Atualmente tenho 52 anos e sou casada com o homem da minha vida desde 11/07/1992, Álvaro Camargo Prado. Bodas de Prata!
Porém, estamos juntos desde 24/09/1989.
Porém, estamos juntos desde 24/09/1989.
Hoje quero contar um pouco da minha parceria, cumplicidade e tolerância com a obesidade. Vou fazer uma retrospectiva geral...
Durante meus primeiros 12 anos era uma menina magra. Tão magra que meu apelido na escola era "Olívia Palito". Acredite se quiser...
Com 12 anos, em 1977 eu saí de férias com minha família, fomos a um sítio de um tio em Rifaina, MG; lá eu caí e tive minha primeira cicatriz... Desloquei em 360 graus a cabeça do rádio (cotovelo). Tive de operar às pressas, tomei muito soro e comecei a desenvolver meu corpo. Fiquei em tratamento durante muitos meses, foi um deslocamento muito sério. Fiz fisioterapia por 6 meses. Mas, segundo o médico, meu caso foi 1 em mil que fica perfeito. Fiquei sem nenhum defeito. Ao menos no braço. Foi quando ganhei meu primeiro gesso e quando comecei a ganhar meus primeiros quilos.
Aos 13 anos já era uma mulher formada. Meus seios começaram a crescer desenfreadamente. Cheguei a usar tamanho 56. Eram tão desproporcionais que tenho um afundado no osso do meu ombro (dos dois lados) por conta da alça do sutiã.
O meu curso ginasial (como era chamado na época) foi na Escola Estadual de 1º grau Stefan Zweig. Lá eu tive anos maravilhosos e conheci muita gente legal! Estudei de 1976 a 1979. Seguia sendo uma menina grande, maior que os outros da minha idade e já muito desenvolvida de corpo. Porém, isso nunca foi motivo pra eu me sentir inferior às outras crianças, ou ser vítima de Bullying. Aliás, naquele tempo isso nem existia... se existia ninguém nem ligava!
Aos 14 pra 15 anos, não só meus seios cresciam, eu também começava a subir a ladeira da obesidade. Engordava com uma facilidade extrema, tinha um apetite de leão. Estava entrando na adolescência começava a sentir os indícios da rejeição. Na 8ª série eu já tinha um corpo de mulher.
Aos 15 anos, em 1980, comecei a dar aulas particulares. Nunca mais parei de dar aula! Minhas primeiras aluninhas foram Priscila, Fabiana e Karla. Elas eram filhas da minha vizinha e grande amiga Ruth. A Fabiana e a Karla aprenderam a escrever comigo. Hoje todas são adultas e casadas.
Karla, Fabiana e Priscila Lemos Vargas |
Mesmo engordando, me sentindo diferente das outras meninas, nunca deixei de me divertir, usar as roupas que queria. Sempre fui uma gorda feliz!!! Muito feliz!!! Também nunca deixei de namorar, beijar muuuuuito.
Todos diziam que eu era bonita, mas era gorda. Naquela época, com 15 anos, estava na marca dos 80 quilos com 1m70. Queria emagrecer. Então comecei a frequentar academias, na época era a Silhouette que estava na moda. Eu fui com uma amiga que era bem mais velha e bem mais gorda que eu. Íamos 3 vezes por semana na academia. Quando saíamos tomávamos um lanche reforçado. Eu era uma criança... Ao invés de emagrecer, só consegui engordar mais, claro!
Fui engordando, engordando, Aos 17/18 anos devia estar com uns 90 quilos. Então comecei a procurar aqueles endocrinologistas milagrosos que faziam a gente emagrecer rápido e fácil. Remédios de fórmula... Acho que nem tenho fotos dessa época...
Nessa época fui a um famoso médico que ficava na Av. Santo Amaro. Ele mal me examinou, me pesou e me receitou uma fórmula. A consulta levou uns 15 minutos.
Saí de lá e mandei fazer os remédios. Eu, na época, dava aulas particulares pras filhas daquela amiga que foi comigo na Silhouette. Paguei o remédio com dificuldade, pois eram absurdamente caros. Eu fumava naquele tempo. Em média 5 cigarros por dia.
Comecei a tomar os remédios. Era uma loucura! Eu sentia um vigor, uma vontade de sair trabalhando, faxinando, era uma disposição incrível! Tomava o remédio 2 vezes ao dia. Fumava 1 maço de cigarros por dia, minha boca era seca e eu não tinha vontade de comer nada. Era como se minha boca estivesse travada. Eu fumava e tomava café. Só!
Cheguei a ficar uma semana comendo o mínimo. Às vezes ficava 2 dias só tomando café... Emagreci 30 quilos em um mês. Estava maravilhada. As pessoas nem acreditavam. Foi na época que entrei na Faculdade. Eu estava uma gatinha.
Fazia sucesso, arrumava homens bonitos, namorava muito, mas ainda era complexada com meus seios enormes. Enormes e caídos.
Bem, era hora de parar com os remédios, estava com 63 quilos. Estava ótimo. Parei...
Parei de tomar os remédios, mas sentia uma falta incrível deles. Já não tinha mais "aquele" vigor, nem aquela vontade de sair faxinando o mundo. Claro! Me faltavam as anfetaminas! Nem sabia o que era isso naquela época.
Bem, como eu havia parado com os remédios, a fome voltou com força total. Eu estava magra, podia comer! Me sentia nova... Fui engordando, engordando... recuperei logo, muito rápido boa parte do peso que perdera. Na época eu estava trancando a matrícula da faculdade, estava com 18 pra 19 anos. Voltei ao médico e comecei a tomar os remédios novamente. Emagreci mas não tão rápido como na primeira vez.
A vontade de fumar vinha logo que ingeria o remédio. Fumava muito, 2 maços por dia. Tomava muito café, não comia quase nada. Logo voltei pros 63 quilos. Mas eu descuidava um pouquinho e engordava 10, 15 quilos na maior facilidade. Fiquei nesse vai-e-vem por muito tempo. Emagrecia, parava os remédios - cada vez com mais dificuldade porque estava dependente - engordava! Voltava aos remédios... Um ciclo vicioso.
Além de fumar muito, da boca seca e de não ter a menor vontade de comer, os remédios estavam afetando o meu humor. Tinha variações de humor muito grandes. Ficava alegre e deprimida com uma rapidez enorme! Também estava com dificuldades de concentração e muito esquecida.
Eu ainda tinha o problema dos seios grandes. Aos 20/21 anos procurei um cirurgião plástico (já falecido) Dr. Sucena. Eu estava 12 quilos acima do meu peso. Ele foi um anjo. Era um médico que operava pelo antigo INPS. Ele nem exigiu junta médica. Viu que o meu caso era muito sério. Já estava com retração de mamilo, meus seios eram muito flácidos e enormes. Minha coluna estava acabada. Ele me encaminhou para a cirurgia plástica e eu nem tive de esperar muito.
Operei com 21 anos no Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo. Foi um sucesso! Saí do Hospital com 10 quilos a menos do que entrei. Estava com uns 67 quilos. Nossa! Como eu estava feliz! Magra, com seios perfeitos...
Continuava com os remédios milagrosos! Cada vez que parava, engordava. Eu era uma feliz dependente de anfetaminas... ainda que não soubesse o que era isso.
Eu estava maluca com a ideia de que podia tomar remédios lícitos, me sentir tão bem-disposta e ainda emagrecer... Que doideira! Quando eu tomava os remédios, eu sentia tanto ânimo, que nas primeiras horas eu tinha vontade de construir um prédio. Depois de algum tempo eu tinha vontade de me enterrar em baixo dele! Começavam as tais sequelas...
Eu não fazia a menor ideia que estava tomando drogas e o que elas poderiam fazer com a minha vida. Nessa época, recém-operada, estava com 21 anos. Já trabalhava como professora e me sentia renovada. Estava numa fase muito legal. Magra, notada, paquerada, namorava um vocalista de uma banda que era 18 anos mais velho que eu, vivia nas baladas. Tomava os remédios e bebia. Dava um barato tremendo! Eu era jovem, livre, feliz e burra, muito burra.
Mas a crise estava feia e eu não podia mais pagar pelos remédios. Então tive de parar com eles. Comecei a engordar novamente, me sentia triste, algo me faltava. Eu sabia que eram os remédios, só não queria admitir. A tristeza era a depressão, que vinha forte. Os tempos estavam bicudos, eu já estudava na PUC, meu pai tinha perdido um bom emprego, minha mãe voltara a trabalhar com uma amiga e vizinha que tinha uma loja, a Ruth. Eu trabalhava muito, mas tinha dificuldades de me concentrar, tanto no trabalho quanto na Faculdade. Queria minhas anfetaminas, queria emagrecer!!! Eu tinha que me virar pra pagar uma faculdade que já era cara na época! Vendia bolo, sanduíche natural, Natura, roupas... trabalhei no xerox da faculdade, fiz estágio em troca de mensalidade, enfim, me virava em mil e trabalhava simultaneamente. Trabalhava muito!
Tive uma crise de stress. Lógico, eu levantava diariamente às 5h e só chegava em casa à meia-noite... comia mal, comia errado e não tinha as anfetaminas pra me apoiar! Fiquei tão deprimida que chorava, chorava, chorava sem saber o porquê! Então achei que tinha que me matar. Fui até a janela do meu apartamento (no 3º andar) e quase sentei no parapeito. Não tive coragem. Graças a Deus!
Estava na hora de procurar um médico. Fui a um médico amigo da família. Ele constatou que eu estava em plena crise de stress. Disse que eu tinha que largar algo que estivesse fazendo. Com a crise que minha família vivia, a única coisa que podia largar era a faculdade. Tranquei matrícula por 1 ano e meio. O médico me fez uma fórmula. Fiquei exultante. Mandei fazer e comecei a tomar imediatamente!
Bem, dessa vez foi realmente desastroso. Os remédios me fizeram tanto mal, que eu mal me lembro dessa fase da minha vida. Sério, é como uma nuvem ficasse por cima de minhas lembranças. Nem fotos dessa época eu tenho! Eu fiquei tão alterada que meu irmão jogou todos os meus remédios no vaso sanitário. Eu só lembro que eu disse pra ele que os remédios tinham custado muito caro. Ele pagou e jogou fora. Na época eu fiquei uma fera! Ele jogou 200 comprimidos de anfetamina caríssimos na privada! Foi a melhor coisa que ele poderia ter feito por mim.
Começava a verdadeira fase negra da minha vida. Eu estava com uns 23 pra 24 anos. Estava deprimida, nada me fazia sentir bem. Fui convidada pra uma festa. Eu não queria ir, mas a meus amigos insistiram. Ia ser na casa do chefe do German, um antigo namorado.
Bem, eu fui à festa. Parecia a Rebordosa. Bebia tudo o que via pela frente. Aliás, na festa só tinha mulher e bebida! Eu jurei que nunca mais entraria naquela casa. A tal casa, era do chefe do German. Um sujeito gordinho e muito antipático que se chamava Álvaro. Ele morava com um italiano lindíssimo que se chamava Luiz. Eu não estava nem um pouco interessada naquela gente. “Festa estranha com gente esquisita!” Mas, como estava com meus amigos, fiquei até o final da festa. Lembro que bebi tanto que fui vomitar no banheiro. Uma vergonha. Mas estavam todos bêbados lá, acho que ninguém percebeu. Isso aconteceu em maio de 1989, eu estava com 24 anos.
Bom, eu fui levando. Tinha dias que eu estava bem, tinha dias que eu estava muito triste.
Em agosto do mesmo ano, o chefe do German resolveu fazer uma festa das Bruxas. Eles me convidaram novamente. Eu recusei, disse que nunca mais entraria naquela casa, briguei, briguei, acabei indo.
Coloquei um vestido preto, com decote nas costas (eu ainda era magra nessa época, mesmo sem os remédios que eu tanto queria). Coloquei um chifre de demônia e fui. Naquela época eu andava estudando leitura de mãos. Resolvi brincar de ler as mãos das pessoas. Fiz muitas inimizades naquela festa. O tal do Álvaro, o dono da casa, tinha uma amiga que era funcionária dele, chamada Elaine. Ela era a melhor amiga dele. Ela me odiou. O Álvaro, bêbado, no fim da festa, pediu pra eu ler a mão dele e caçoou de mim. Foi irônico e disse: "Lê minha mão aí, cigana". Eu fiquei muito brava. Tão brava que li a mão dele. Eu não o conhecia bem, mas acertei tudo. Tudinho. Quando terminei de ler ele estava ajoelhado aos meus pés.
Na semana seguinte estávamos namorando. Uma janela abria-se na minha vida. Fui recuperando minha vontade de viver, fui recuperando a alegria... fiz muitos amigos. Gente normal, gente doida, tinha de tudo um pouco. Eu estava viva. Graças a Deus! E sem anfetaminas!
Nada me importava, pois estava viva, feliz e muito, mas muito apaixonada!
Finalmente terminei a PUC em dezembro de 1991.
O início foi difícil, pouca grana... mas muito amor!
Ao casarmos continuamos morando na velha casa da Rua Natal que ele já morava quando era solteiro. Não tínhamos móveis novos, tudo era velho, doado, usado. Aos poucos fomos comprando uma coisa aqui e outra ali, minha sogra nos deu muitas coisas e fomos formando nossa vida. Muitas vezes os armários vazios faziam eco, mas estávamos começando uma vida maravilhosa de muito amor e cumplicidade.
Segui sendo uma pessoa que procurou de tudo pra emagrecer. Nunca fui complexada, sempre me vesti como quis, nunca me importei com a opinião dos outros em relação ao meu peso. Não deixava de me divertir por estar gorda. Sou divertida, criativa e adoro uma boa festa. Sempre me senti bem-amada. Mas no fundo eu achava que deveria emagrecer. Não pela estética, mas sempre me preocupei com a saúde, o futuro.
Bem, procurei homeopatia. Muito lento, requer muita paciência, tem que ser muito disciplinada pra conseguir levar a dieta homeopática adiante. Desisti. Também porque meu médico era uma rolha de poço. Como que eu ia ter vontade de emagrecer se o médico era gordo??? Ah, fala sério, ninguém merece!
Eu devia estar com uns 28 ou 29 anos e continuava engordando. Claro que às vezes eu emagrecia um pouco, engordava novamente... assim foi indo.
Resolvi largar de ser professora e fui ser revisora de textos. Ganhava mais, era reconhecida. Fui trabalhar na Revista Imprensa por indicação de uma grande amiga que sinto muita saudade: Alessandra Vinhas. Também fui trabalhar na Revista The Gallery na mesma época por indicação do então namorado dela e meu amigão do peito, André Vargas. Com quem trabalhei muitas vezes depois disso...
Como tudo que é bom dura pouco, eu fui mandada embora de ambas as revistas. Então comecei a trabalhar na Assessoria do meu grande amigo até hoje Fernando Rocha.
Não tinha um cargo ao certo, comecei como arquivista, depois fui cuidando da parte financeira, ajudando em Assessoria de Imprensa... aprendi muito com Fernando. As coisas melhoravam financeiramente, eu já tinha um plano de saúde e tudo começava a ficar mais fácil. Eu era revisora de 2 publicações do Sebrae, ganhava bem, meu marido também.
Nos indicaram um médico excelente, especialista em Reeducação Alimentar: Dr. Ricardo Marum. Só havia um problema, ele não atendia nenhum plano de assistência médica. Era caríssimo! Paralelo ao tratamento dele tinha o tratamento com uma nutricionista que atendia no mesmo consultório.
Foi um tratamento espetacular. Lembro que cheguei lá com 106 quilos. Consegui emagrecer 16 quilos em uns 4 ou 5 meses. Sem sacrifício, comendo tudo o que eu gostava. Foi lá que aprendi que podemos fazer regime comendo somente coisas que gostamos. Sem sofrimento.
Mas, nós não tínhamos dinheiro pra continuar o tratamento. Mais uma vez parei com a dieta. Nessa época eu estava com uns 30 anos. Nesse ano resolvi dar uma festa de 30 anos. Eu vivia inventando festas temáticas. O tema da minha festa de 30 era Bocas. Tudo era motivo de diversão. Nunca deixei de fazer alguma coisa por ser gorda. Sempre vivi plenamente. Com muita alegria e prazer em estar viva.
Depois de um tempo resolvi fazer uma Pós-graduação em Comunicação Social na Faculdade Cásper Líbero. Naquela época eu já trabalhava em assessoria de Imprensa e fazia revisão de textos pra Revista Imprensa e pro Jornal The Gallery.
Eu e minhas alunas da turma de Magistério/87
Durante todo esse tempo, desde 1985, eu dei aula em escolas. Dei aula pra primário, pré, ginásio, colégio, cursinho, particulares, cursos fechados. Dei aula de Inglês, Redação, Gramática, Literatura, Literatura Infantil, Didática, Teoria da Comunicação, etc. O que pintasse. Eu sempre fui boa professora, viu? Os aluninhos gostavam muito de mim. Sempre eu era homenageada nas formaturas. Mas eu era durona, como todas as professoras de Português!
Entre 1994 e 1995 eu fui ao casamento da irmã da minha grande amiga Ana Maria Saenz. Bebi umas e outras e quando chegamos da festa eu fui subir de brincadeira numa bicicleta... Caí e quebrei o pé! Foram 45 dias pra recuperar, mas tirei de letra! Ganhava meu segundo gesso!
Em 1995 abri a FOX Assessoria de Comunicação em sociedade com meu marido. Ainda hoje eu e o Álvaro mantemos a Assessoria e atendemos um cliente que é o Sindicomis, pra quem fazemos um jornal em que ele é o editor e eu sou a revisora de textos.
Então, no ano de 1996 eu resolvi casar no civil. Refinanciei meu telefone no Balcão do Telefone (que naquela época valia uma grana), contratei uma empresa de churrasco, aluguei um salão e casei com direito a festa, padrinhos e presentes. Era meu segundo casamento com o mesmo marido. Todos achavam muito engraçado. Eu achava normal. Passava a me chamar Gisele da Silva Esteves Camargo Prado. Os dois últimos nomes por parte de marido. Pra mim, nunca teve tempo ruim.
Então, no ano de 1996 eu resolvi casar no civil. Refinanciei meu telefone no Balcão do Telefone (que naquela época valia uma grana), contratei uma empresa de churrasco, aluguei um salão e casei com direito a festa, padrinhos e presentes. Era meu segundo casamento com o mesmo marido. Todos achavam muito engraçado. Eu achava normal. Passava a me chamar Gisele da Silva Esteves Camargo Prado. Os dois últimos nomes por parte de marido. Pra mim, nunca teve tempo ruim.
Eu devia estar com uns 100 quilos no casamento. Daí em diante eu resolvi desencanar. Achava que a gordura não me incomodava...
No início de 1997 eu fiquei grávida. Que alegria! Mas Deus não quis que fosse daquela vez... Leia aqui. Hoje, depois de tantos anos eu ainda não sinto vontade de falar sobre esse assunto, apesar de ele estar muito bem resolvido para mim, não consigo deixar de pensar como teria sido se eu tivesse tido aquele filho... Só Deus é quem sabe essas coisas.
Ainda em 1997 nos embrenhamos na área de Produção Teatral e produzimos a primeira peça estrelada pela hoje famosa Maria Fernanda Cândido (na foto ao lado). A peça era "Anchieta, nossa história", de Alceste Madella e Alzira Andrade. Foi dirigida por Denise Del Vecchio. A peça fazia parte das comemorações do quarto centenário de José de Anchieta.
Ainda em 1997 nos embrenhamos na área de Produção Teatral e produzimos a primeira peça estrelada pela hoje famosa Maria Fernanda Cândido (na foto ao lado). A peça era "Anchieta, nossa história", de Alceste Madella e Alzira Andrade. Foi dirigida por Denise Del Vecchio. A peça fazia parte das comemorações do quarto centenário de José de Anchieta.
A produção teatral foi uma área em tanto árdua... mas aprendemos muitas coisas: principalmente em quem devemos confiar e em quem não devemos! Foi assim que voltamos pra assessoria de Imprensa. Na foto ao lado, Maria Fernanda Cândido. Hoje uma famosa atriz que começou fazendo teatro em uma produção minha.
Célia Leão |
Como assessora levei clientes a muitos programas de TV, inclusive ao Programa do Jô quando ainda era Jô 11 e meia, no SBT. Passei por programas como Bom dia São Paulo, Jornal Hoje, Fantástico, Programas da tarde na Record, Bandeirantes, Amaury Jr, entre outras tantas! Sempre acompanhando clientes divulgados pela minha assessoria. A cliente que mais nos deu repercussão nos meios de comunicação foi a minha amiga até hoje e consultora de etiqueta Célia Leão. Ela sempre foi para mim uma grande inspiração além de grande amiga. Apesar da distância que nos separa, o carinho que tenho por ela é imenso e sempre que posso me comunico por meio deste maravilhoso mundo virtual. Sempre digo que Célia foi e é "minha guru"! Ninguém sabe tanto sobre etiqueta e boas maneiras como ela. Fina, elegante e muito especial.
Quando eu estava com uns 28/29 anos, ainda por conta "daquela" anfetamina, eu comecei a sentir coisas estranhas. Era um medo injustificado, um medo imenso que me deixava petrificada, me tirava o sono, me faltava o ar... Procurei a Thaís, pedi florais. Eu sabia que precisava era de terapia. Então ela me indicou uma pessoa maravilhosa chamada Magdalena Boog. Não a procurei de imediato. Tinha receio de fazer terapia. Sei lá. Eu me perguntava "O que vou falar pra uma estranha? Não terei assunto!"
Então o medo foi agravando, agravando e eu já não conseguia mais dormir. Por mais que o Álvaro me apoiasse, eu não tinha coragem pra continuar com a vida.
Resolvi procurar a Magdalena. Quando cheguei lá, me lembro que desandei a falar sem parar, eu estava desesperada. Queria arrancar aquele medo do meu peito. Ela me passou muita confiança e me deu um vidro de florais. Eu não queria ficar dependente de drogas pesadas novamente. Comecei a tomar os florais de imediato. Meus sintomas foram diminuindo, diminuindo e eu já conseguia enxergar a vida melhor.
Agora era a hora da segunda fase: por que eu tinha medo? De quê? Era hora de começar com a terapia de verdade. Conhecer melhor a pessoa que eu era.
Passei por um longo tratamento, descobri quais eram meus traumas, continuei com os florais e estou com eles até hoje. Sempre que posso e preciso recorro aos florais. São de um poder inimaginável. A cura é rápida e indolor. Sem vícios maiores.
Curei-me da Síndrome do Pânico. Meu caso serviu de ajuda pra muita gente, pois levei meu problema a um programa da Sílvia Poppovich, recebi ligações do Brasil inteiro de gente que queria saber como eu tinha me curado, com o quê.
De tudo, de tudo, o mais importante, sempre, é o apoio da família e dos amigos. Meu marido esteve comigo incondicionalmente em todos os momentos difíceis pelos quais eu passei. Minha mãe, meu pai e meu irmão sempre me compreenderam e me ouviram, me incentivaram ao tratamento. Síndrome do Pânico não é loucura e tem cura! Eu recebia telefonemas de mulheres que sofriam deste mesmo mal há anos e que não podiam sequer falar sobre o assunto com seus maridos, eles as proibiam de falar pra não ficarem piores! Loucura dos maridos!
Depois de estar bem da Síndrome do Pânico, continuei em tratamento com a Magdalena.
Sempre foi muito produtivo nesta minha empreitada com a obesidade ficar na terapia. Fiquei enquanto pude. Os altos e baixos financeiros me tiraram mais uma vez de um tratamento.
Continuei por um tempo em sessões de graça, mas era muito longe e eu não podia tomar táxi toda vez que eu fosse pra terapia. Sim, porque tinha o problema de tomar ônibus. Eu tinha medo de entalar na catraca. É engraçado, né? Mas é verdade. Imaginem a cena: Eu entrando no ônibus na maior dificuldade, pois aqueles degraus são terríveis, e em seguida entalando na catraca. Uma cena Dantesca!
Cada vez ia ficando mais difícil de me locomover, não conseguia ficar em pé por muito tempo, não conseguia fazer longas caminhadas... tudo começava a complicar...
Em março de 2000, por indicação de minha amiga, eu procurei uma endocrinologista, especialista em doenças do metabolismo como diabetes, obesidade, hipoglicemia, bulimia, anorexia, etc. Trata-se da Dra. Marisa Cardeal Werner. Uma profissional competentíssima.
O Álvaro decidiu tratar-se com ela também. Cheguei lá com 123 kg. Começamos o tratamento. Ela nos mandou fazer uma bateria enorme de exames. Todos deram resultados excelentes. Nada de colesterol, glicemia, triglicérides, gordura no fígado... nada. Eu era uma gorda absolutamente saudável.
Só que eu não conseguia fazer a dieta como se deve... havia uma ansiedade, sei lá... não conseguia emagrecer. Por causa dos meus problemas anteriores, não poderia tomar qualquer tipo de remédio. Minha pressão estava um pouco alta e ela era contra os tais remédios de fórmula. Aqueles... as anfetaminas...
Então ela me receitou um remédio novo na praça. Um tal de Plenty. Caro, caríssimo. Comprei. Ele começa a fazer efeito após a quarta semana. Enfim comecei a emagrecer. Perdi uns 16 quilos.
Mas eu ficava nessa: emagrecia 5, engordava 1, emagrecia 3, engordava 2. Uma dificuldade! Já não comia tanto.
(Continua...)
É isso aí!
Gisele Esteves Prado
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