Esta postagem eu fiz no dia 26/03/2011. Já que o tema do momento são as
redes sociais, aproveito para republicá-la.
Esta noite fui
pega pela insônia. Depois de virar e mexer em todos os canais; ver e rever
todos os posts dos amigos no Face; conferir o timeline do twitter; consultar
meus e-mails; assisti a um filme com a Queen Latifah, o Steve Martin e aquele
garoto que faz o Two and a Half Men, o Angus T. Jones. Hoje ele é
pós-adolescente, mas na época era um menino de uns 7 anos. O filme era "A Casa Caiu"
(2003).
Acabou o filme, fui beber água e voltei pra uma última conferida no twitter antes de dormir.
Encontrei lá um post que dizia que a atriz Cibele Dorsa morrera depois de cair
do 7º andar do prédio onde morava.
Fiquei então curiosa e fui ver quem era a atriz no
Santo Google. Lá encontrei uma notícia no G1 sobre sua morte, que ocorrera na
madrugada de sexta pra sábado por volta da 1h45. Antes do ocorrido ela postou
uma última mensagem no twitter (@CibeleDorsa) com muitos erros de digitação que
dizia o seguinte: “LMENTO, EU NÃO CONSEGUI SUPORTAE A MORTENOS MEUS BRAÇOS MAS,
LUREI...ATE ONDE EU PUDE”.
A notícia me deixou mexida, então fui em busca de
mais notícias. Descobri que seu noivo, de 27 anos, morrera depois de cair do 7º
andar do prédio onde moravam juntos. Ele era Gilberto Scarpa, apresentador do
programa Brasil Bites no E! Entertainement.
Bem, logo se delineou uma longa história na minha
cabecinha...
Na ocasião da morte do noivo, Cibele, então com 35
anos, era modelo, atriz e escritora; fora casada com o cavaleiro brasileiro
Doda por 4 anos e estava adaptando seu livro “Homens no Bolso”para o teatro
junto com Gilberto Scarpa. Chegou a declarar que o trabalho estava aproximando
muito os dois e que em breve pretendiam trocar alianças. Estava cheia de planos
e teve sua história abruptamente interrompida pelos fatídicos acontecimentos.
“Meu noivo se suicidou esta
noite, com ele morto eu me sinto morta. Prefiro ir com ele, minha força não faz
mais sentido”, escreveu Cibele em seu perfil no Twitter.
Na noite do suicídio de Gilberto, o mesmo tinha
saído pra rua atrás de drogas, conforme a atriz revelou em entrevista à Revista Caras.
Ele tinha sérios problemas com cocaína, estava muito inseguro porque a noiva
lançara o livro 5:00 da madrugada e achava que ela ia
ficar famosa e escolher outros rumos sem ele. Queria casar-se com ela, mas ela
só se casaria se ele largasse as drogas.
A polícia encontrou Gilberto e foram todos para a
delegacia. Ao serem liberados, ele chegou em casa querendo consumir mais
drogas. Cibele não permitiu, ele a agrediu e atirou-se pela janela. Ao chegar
no jardim do prédio ela o encontrou ainda com pulsação, mas morreu em seus
braços. Fim do 1º ato.
Como a arte imita a vida e vice-versa, Cibele (na
historinha que minha cabeça acabara de criar), que levava dentro de si um
grande repertório de tragédias famosas, resolvera repetir a última cena do seu
romance-drama verdadeiro repetindo a cena, só que desta vez anunciado por um
bilhete suicida digno do século 21: um post no Twitter e um vídeo no Youtube em
homenagem ao noivo e de sua despedida. Fim do 2º ato.
Tudo isso chegara até mim por um texto de 140
caracteres...
Isso me levou a
pensar sobre a vida e as redes sociais que levam notícias de um ponto a outro
do mundo em segundos.
Assim, lembrei de um fato ocorrido com uma amiga,
que outro dia postou seu alívio por saber que o seu exame ginecológico não
tinha dado nada. As redes sociais nos desnudaram tanto que tudo se anuncia no
Facebook. Desde um cochilo à tarde até o anúncio de um suicídio. E a rapidez
com que as notícias se espalham é verdadeiramente assustadora!
No Face se anunciam negócios, venda, troca, mágoa,
briga, agradecimento, pedido de casamento, votos de feliz aniversário, desaparecimentos, venda de
armas, ódio, preconceito, amor, solidariedade e um sem fim de coisas...
Os meios de comunicação, as agências publicitárias,
as empresas de telefonia, os correios têm que correr e repensar toda sua
estrutura em tempos tão modernos e rápidos.
Hoje assistimos a qualquer coisa que tenhamos
perdido na TV no Youtube, lemos sobre qualquer assunto nos portais espalhados
pela internet; reconhecemos qualquer pessoa pelo Google Imagens. Até foto minha
tem lá! Já experimentou digitar seu nome no Google e
ver o que aparece de você em sites e imagens?
Sim, estamos cercados e desnudos!
Não! Eu não acho isso ruim... nem bom. Só é
DIFERENTE. Eu vivo com toda essa mudança na ótica das coisas com muita
tranquilidade, de forma muito natural. Só é diferente do modo como vivíamos há
20 anos...
Como não tenho nada a esconder, também me exponho e
anuncio meus cochilos, meu trabalho, minha insônia, o livro que estou lendo, a
música que estou ouvindo, onde fui, com quem fui, aonde irei... e ainda
documento tudo com fotos! Depois do iPhone, então, tudo fica em tempo real!
Isso porque sou uma mulher de 46 anos que nasceu na
década de 60, em que não havia TV colorida, celular, fax, computador, internet,
notebook, iPad, iPhone, Facebook, Orkut, Twitter, e-mail e pra ter um telefone
precisava estar muito bem de grana.
Essa meninada que está aí hoje com seus 20 anos já
nasceu com tudo isso. Não conhecem a vida sem essas coisas. Para eles é muito mais
natural do que pra nós dos anos 60... Pra eles, diferente era o modo como
passamos nossa infância e adolescência.
A TV vive fazendo um carnaval em cima das relações
virtuais, dos jovens que ficam horas na internet, nos jogos eletrônicos, etc. E
no nosso tempo, o que era?
Era o amor livre, o rock and roll, as drogas...
Daí veio a AIDS e acabou com o amor livre; veio o
pagode (argh) e substituiu o rock na vida de muitos jovens e as drogas, bem,
essas continuam sempre por aí gerando renda pra muita gente...
Na nossa época era a ditadura militar que arrancava
os jovens das salas de aula, de suas casas, de seus empregos e os mesmos nunca
mais eram vistos. Era a CENSURA no Caetano, no Chico e em tantos outros...
tanta coisa feia!
Eu ainda prefiro desnudar-me no Facebook do que no
DOPS, o Departamento de Ordem Política e Social... Quanta ordem... Ordem na
visão de quem???
O mundo evoluiu, a comunicação evoluiu, as relações
são outras e tudo é muito rápido. Mas Cazuza, nos anos 80 já previa que “O
Tempo não pára”!
“A tua piscina tá
cheia de ratos
Tuas idéias não
correspondem aos fatos
O tempo não
pára...”
Cazuza
É
isso aí!
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